Abaixo-assinado tenta evitar encerramento dos cinemas do Shopping Cidade do Porto
14.11.2007, Jorge Marmelo
"A notícia dando conta do encerramento, em Janeiro, dos cinemas do Shopping Center Cidade do Porto, na Boavista, deu origem a um abaixo-assinado de protesto contra a pretensão da administração do centro comercial. O documento conta já com centenas de assinaturas, entre as quais se contam as dos realizadores Manoel de Oliveira, Fernando Lopes e Abi Feijó, dos poetas Ana Luísa Amaral e Jorge de Sousa Braga, do sociólogo João Teixeira Lopes, do vereador e crítico de artes plásticas Miguel Von Hafe Perez, do documentarista Jorge Campos, dos deputados João Semedo e Alda Macedo ou do fotógrafo francês George Dussaud.
No abaixo-assinado, os signatários manifestam "a sua firme oposição a este encerramento, apelando para que a administração do Shopping Cidade do Porto reconsidere a sua decisão". O documento destaca o papel desempenhado por aqueles cinemas na animação do centro da cidade e na divulgação de cinema de qualidade, diversificando as escolhas e privilegiando o contacto dos espectadores com realizadores e actores. Ao que o PÚBLICO apurou, a administração do centro comercial tem também sido directamente contactada por clientes do cinema preocupados com o anunciado encerramento.
Por coincidência, ou talvez não, a circulação do abaixo-assinado acontece num momento em que há um pequeno recuo por parte da administração do shopping, que convocou Paulo Branco, presidente da Medeia Filmes, para uma reunião destinada a debater aspectos relacionados com a denúncia do contrato com a empresa que explora as quatro salas desde 1994. Segundo António Costa, representante da Medeia no Porto, a administração do centro comercial terá ainda demonstrado abertura para adiar por "um ou dois meses" o encerramento dos cinemas, aprazado para 3 de Janeiro e que implicará ainda a perda de oito postos de trabalho.
Salas com outro fim?A reunião entre as partes deverá acontecer no final do mês, não tendo ontem sido possível confirmar junto dos responsáveis do Cidade do Porto o adiamento da data de encerramento. Todavia, segundo Marlene Silva, responsável pelas relações públicas do centro comercial, foi dada "total liberdade" ao advogado do shopping para negociar esta questão.
De acordo com a porta-voz do Cidade do Porto, a empresa gestora, a Bonaparte, está à procura de soluções para a futura ocupação do espaço dos cinemas, as quais poderão passar por outra empresa de exibição cinematográfica ou por outras ocupações. Não está, por outro lado, posta de parte a possibilidade de a Medeia se manter no centro comercial, "desde que corrija a situação de incumprimento".
A Medeia, recorde-se, reconhece a existência de uma dívida para com o Cidade do Porto, mas considera que tem sido prejudicada relativamente a outras salas, nas quais as empresas que as exploram não pagam qualquer renda ou são até subsidiadas para o efeito. "Nós, apesar do investimento que fizemos em equipamento e mobiliário, e que é superior ao valor da dívida, ainda vimos a renda aumentar", disse António Costa ao PÚBLICO."
in PúblicoBrevemente serão aqui publicadas mais informações sobre a petição.
Ver também notícia anterior (3 Nov): "Cinemas Cidade do Porto correm o risco de fechar".